Ele ia trabalhar todo dia
Ele ia com a marmita a mão
Ele ia cuidar da massa corrida
Ela ia botar pedra no chão
Ele ia ganhar o pão nosso de cada dia
Ele ia tomar café com pão
Ele ia ajudar a Dona Maria
Ele ia cuidar do seu filho João
Pobre José
Fica na obra até altas horas
Sem nem uma hora de folga
Trabalha sem descanso até as dez
Trabalha louco
Não tem trégua, não tem sono
Não tem regra
Pois às cinco já esta de pé
Pobre José
Mas até que n'outro dia
Sai mais tarde, pobre José
Chegou na obra quase meio dia
Voltou pra casa antes das dez
Dona Maria ficou enlouquecida
Emputecida lhe deu o pé
Ficou na rua da amargura esquecida
Ficou na mão o pobre José
Pobre José
Esta na rua sem abrigo
Sem comida, sem dinheiro
Como pode se virar?
Esta fodido e sem emprego
Sem família, não tem jeito
O pouco que lhe resta
Serve só pra embriagar
Pobre José
Ele acordou às cinco horas
Não tinha teto onde ele esta
Não tinha comida, nem emprego
Não vendia esperança nesse lugar
José não tinha alegria
Nem força de vontade pra lutar
Saiu sozinho pela rua
Tomando e tomando de bar em bar
Pobre José
Pela rua do aterro
Pobre e triste sem dinheiro
Decidiu um fim botar
Tomou tudo o que podia
Gastou tudo, inclusive o que não tinha
Se embriagou pra se enganar
E se jogou ao Deus dará
Foi lá na obra visitar o seu antigo dia a dia
Subiu tudo e foi lá em cima
E em se pôs para voar
Pobre José
Pobre alma adoecida
Sem força e sem vontade
Acabou-se ali no chão
Enquanto Dona Maria, se vendia todo dia
Pra sustentar, pobre João
E não sabia que o que ao pobre José fizerá
Colocou lhe uma pedra em seu pescoço pra pular
Agora já é tarde, só com uma missa e uma prece é onde ela pode ajudar
Pobre José
Pobre alma esquecida, forá apenas mais um desses tantos Josés a se acabar
Mas não se esqueça, que o teto que te cobre, foi José que preparou
Não feche os olhos pro José, pro João, paras os Silvas, que um dia dai do seu piso se jogou
Pobre José
(Bruno Cohen - 27.Fevereiro.2009)
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